12.7.11

Fazendo a barba.



Eu fui criada pelos meus avós, meu pai e minha mãe se separaram quando eu tinha 5 anos, minha mãe me levou com ela e eu morei com ela por um ano sem quase ver meu pai, e depois eu fui morar com meus avós.

Meu avô era viajante, caixeiro viajante, representante comercial, viajava a semana toda, ás vezes duas semanas inteiras, e quando ele chegava era uma festa, eu corria para o portão para ajudar a carregar as malas...

Ele era meu ídolo, eu acordava cedo e corria para a cama dele para fazermos ginástica juntos, ele fazia ginástica todo dia de manhã, na cama, e depois ppulávamos da cama e íamos para o banheiro escovar os dentes e fazer barba, sim, eu fazia barba...Ou pelo menos fingia hehe, eu ensaboava a cara com o pincel e depois passava o dedo e depois enxaguava e passava leite de rosas...O que foi bom pois eu soube ensinar meu filho a se barbear quando ele se tornou adolescente.

Ele era açougueiro na juventude e assim me ensinou a cortar carne, ele foi também alfaiate, mas eu nunca aprendi a cortar pano ou costurar, não tenho habilidade hehe...

Mas ele me ensinou a temperar carnes, a fazer tempero caseiro de alho e sal, a fazer conservas de batatinhas, cebola, alho, a comer folhas verdes como se fosse um coelho...

Um dia eu perdi o respeito por ele...Ele deixou de ser meu idolo...Foi quando eu descobri que ele tinha outras mulheres, e outros filhos... Eu não podia entender como alguém que cobrava tanto de mim podia não ser taão honrado...

Mas minha vó me disse coisas bem importantes que eu demorei muito para entender, do tipo, ele sempre foi um bom marido e um bom pai. Ele sempre me respeitou a maneira dele... Um dia eu falo mais nisso...Ah ela tb disse " Ele comeu a carne então vai roer os ossos".

Mas eu era muito menina, a mágoa era profunda, eu me distanciei, e alguns fatos muito fortes que aconteceram fizeram com que a gente rompesse nosso relacionamento de maneira abrupta.

Ele ficou 20 anos sem falar comigo. Sem permitir minha presença ao lado dele. Sem querer nem mesmo conhecer meu filho.

Hoje ele tem 89 anos. Está com câncer. E eu fui falar com ele. me ajoelhei na frente dele e pedi que me perdoasse, não que eu ache que eu realmente tenha feito algo errado, mas se ele achasse que eu fiz que me perdoasse, na verdade eu estava pedindo perdão era por ter demorado tanto a tomar esta atitude. Por ter perdido tanto tempo longe dele. E ele me abraçou. E ele disse que me amava. E foi como se eu voltasse anos atrás e fizesse a barba novamente com ele...

6 comentários:

  1. Que lindo o seu texto! Parabéns pela sua reconquista, nunca é tarde para recomeçar e se redimir!
    Esses dias poster no twitter como a nossa percepção sobre as pessoas muda com o tempo... Eu tbm tinha ídolos na infância, mas quando fui crescendo percebi que não eram tão admiráveis assim!

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  2. Bonito post Darlana.

    Bonita atitude também.

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  3. Ahh chorei...lindo seu jeito de escrever falando do seu avô, fico feliz que vcs tenham se perdoado.
    Meu pai nunca foi meu ídolo, mas eu o tenho e hoje em dia não imagino minha vida sem ele. Agradeço a Deus todas as dificuldades que me ajudaram a chegar onde estamos hj.
    Beijinhos

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  4. Nossa Darlana, que história!!

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  5. Nossa Darlana... que texto tocante! Em alguns momentos li pensando em mim, e fases da minha vida... artes do texto lembram minha vida, essa do exercício quando er eura criança minha tia-avó que ajudou a minha mãe a me criar (pois não tenho pai) sempre fazia comigo, acordávamos e a gente fazia exercícios na cama, a gente se alongava, balançava e tudo mais e depois levantava. Outra parte foi também do Meu Avô, que era caminhoneiro, e consequentemente mulherengo, minha avó morreu quando minha mãe tinha apenas 2 anos e logo em seguida ele arrumou uma mulher que ele fez sofrer mmuito, e no final do ano de 2009 ele ficou muito adoentado, e foi a hora de todos nós passarmos por cima das nossas mágoas para ficar do lado dele! Ahhh Por favor... NOS ENSINE ESSAS RECEITINHAS!! Beijoooo no seu coração e estou esperando a resenha do seu mimo! hihihi

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  6. QUe lindo Darlanda, seu texto é um encanto e, melhor ainda foi perceber a iniciativa de perdão, que considero tão difícil para mim...Aprenderei um pouco contigo ;)Beijos

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