26.10.04

Ser ou estar.

Percebo que na vida você sempre está...
Está casado, solteiro, cansado, trabalhando, desempregado, amando, odiando...
Só na morte você é.

19.9.04

Meus amigos.

AMIGOS


Meus amigos são todos assim... metade loucura, metade santidade.

Escolho-os não pela pele, mas pela pupila... Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

Fico com aqueles que fazem de mim "louco" e "santo".

Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Coisa de louco... Louco que senta, horas e horas, de conversa ou de silêncio, e espera a chegada da lua cheia.

Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Não quero deles só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria... Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem. Mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância, metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto. E velhos, para que nunca tenham pressa.

Preciso deles para saber quem eu sou, pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei que a normalidade é uma ilusão... estéril!

6.9.04

A parteira.

Curandeira, parteira da aldeia, mulher possuidora de conhecimento sobre ervas e sobre o tempo, personificação das forças do inconsciente, arquétipo da mulher selvagem ou La Belle Dame Sans Merci , a feiticeira é uma personagem importante na história da humanidade. Envolta em eterna bruma, escondida na floresta ou numa casa escura e pobre longe da aldeia, ela desafia a ordem imposta.
As crescentes distorções da imagem da feiticeira, que a colocam como parceira e amante do diabo, desvelam a vontade da sociedade patriarcal em subjugar a dinâmica das eras matricêntricas. Nos tempos pagãos, os ritos e cultos estão associados à magia do corpo feminino gerador da vida, simbolizando a transcendência e o mistério. O corpo é, então, a personificação das energias da natureza e de tudo quanto lhe diz respeito.
Toda a natureza assemelha-se com a mãe: a terra é mulher e na mulher habitam os poderes que na terra existem.
A mulher era vista como musa inspiradora da vida carnal e espiritual. Seus atributos englobam, além da magia e da sabedoria, a maternidade e a fertilidade. Doadoras da vida e detentoras da morte, elas pagam um preço alto nas sociedades patriarcais que se consolidarão. Com o estabelecimento da agricultura e domesticação de animais, começa a haver uma diferenciação de papéis sociais, dando lugar a algo inteiramente novo.
Quando a humanidade alcançou o estágio de escrever seus mitos e suas leis, o patriarcado já estava definitivamente estabelecido: os homens é que escreveriam os códigos. Dos poderes ambivalentes anteriormente investidos na mulher, os aspectos malignos é que foram retidos: uma vez sagrada, ela torna-se impura; Eva, dada a Adão para ser sua companheira, torna-se a ruína da humanidade...
É importante lembrar que foram necessários vários séculos para que o homem abandonasse suas antigas crenças nas deusas e deuses pagãos e se voltasse completamente para o Deus único. No paganismo, as divindades se aproximavam da humanidade através de suas ações passionais e seus pólos negativo e positivo. Não havia distância entre o fasto e o nefasto, entre o profano e o sagrado. No processo de assimilação dessas crenças pagãs pelo cristianismo, as características ambivalentes, mas não excludentes, foram dicotomizadas.
Na época da Caça às Bruxas, a Igreja explica os males do mundo como conseqüência da falta de servidão ao Deus único. Liga a sexualidade ao demônio; o demônio à bruxa; a bruxa à mulher e a mulher à morte. À transgressão sexual passa a ser equivalente a transgressão da fé. A sexualidade e o prazer são duramente normatizados. A intuição, a magia, a sensualidade e a sabedoria feminina tornam-se marginais, transformando-se em elementos do mundo infernal.
As bruxas, antigas Deusas, eram um fator de ameaça em potência. Ao confundir-se com o sagrado, a mulher expressa um poder que a sociedade, o processo de civilização, tenta dominar. A face da Deusa não foi só demonizada e fragmentada. Foi substituída por um Deus masculino e abstrato que absorveu seu pólo positivo e renegou o negativo. O portador da lei, o juiz, como fonte de sentido e das regras para a organização da vida social, nesta como em outras sociedades, tem o rosto masculino.
É essa mesma voz que dita as regras e normatiza, conforme sua vontade, a sexualidade feminina. É ela que molda a imagem da mulher, que diz como ela deve agir e pensar. A ferocidade feminina, a bruxa parteira, a mulher-loba, o útero dentado insaciável, a bruxa voraz que devora criancinhas, deve ser domada e reconhecida como fonte da maldade
Assim como as antigas Deusas vinculavam-se com a natureza, detendo o poder das transmutações e transformações (a exemplo de Circe), as bruxas eram capazes de criar ilusões, voar ou transportar-se para grandes distâncias, transformar-se em, e dominar animais, principalmente aqueles ligados à noite, e controlar certas funções corporais, especialmente aquelas ligadas ao ato carnal.
O auge de suas manifestações era o Sabá, ou a Missa Negra, geralmente realizado em clareiras de florestas. Com a permissão de Deus, os Sabás eram a inversão da Santa Missa, onde o demônio era adorado. Festas macabras onde se cozinhava carne de inocentes crianças, as bruxas, em transe, dançavam freneticamente e copulavam com o demônio. Rituais de sexo e luxúria, os Sabás lembram as antigas festas pagãs que celebravam a colheita e as famosas Bacanais gregas.
É importante salientar que os instrumentos tipicamente femininos, como a vassoura e o caldeirão, também foram satanizados. O conteúdo deste é repugnante, e objeto de fascínio para muitos escritores.
Combatendo o poder temporal, a Igreja tornou-se ela própria sedenta de riquezas mundanas. A Inquisição tornou-se verdadeira máquina industrial, empregando carcereiros, escribas, juízes, verdugos e exorcistas. Para proteger seu crescente poderio, leis como o celibato e a obrigatoriedade do casamento antes da relação sexual foram adotadas.
Todos aqueles que testemunhassem "em nome da fé" contra uma pessoa supostamente herege, recebia uma parte de suas propriedades e riquezas, caso houvesse condenação. Além da Igreja, a profissão médica também se beneficiou com a Inquisição. As curandeiras, parteiras e boticárias que ofereciam uma medicina alternativa àquela praticada nas universidades foram duramente perseguidas e seu saber foi perdido ou assimilado.
Cessada a Inquisição, a imagem da feiticeira como ser maligno e ajudante do diabo há muito se consolidara. A mulher, reduzida ao espaço doméstico e sofrendo limitações até dentro desse espaço, torna-se ou o "Anjo da Casa" ou "A Louca do Sótão", mulher histérica e perigosa. O orgasmo e a ambição feminina obviamente "coisas do diabo" são passíveis de punição por parte da sociedade masculina e das próprias mulheres.
Assim foi feito até os nossos dias em que somos defrontadas com uma sociedade machista na qual devemos mudar os rumos .

Sono / Morte ???

Já ouvi dizer que o sono é o mais proximo da morte que chegamos em vida.Será que é por isso que tenho insônia.Será medo da morte?

3.9.04

Poeminha da vigilia.

Não era um bêbado equilibrista.
Estava em seu momento, seu tormento.
Sentou no cimento.
Abriu o zíper.
Disse ao amigo:
Oi. Vamos?
E nem ele foi

Na caverna.Ou como odeio conformismo.

Entrei na caverna.Na minha frente restos de um acidente.

" O que aconteceu?"Pergunto
"Quatro corpos em partes."Me respondem

Vejo três cabeças.Nada dos corpos.Rostos bem brancos, olhos oblíquos, cabelos lisos e negros, nenhum fio de cabelo fora do lugar.Parecem dormir.Japonesas.

Vejo braços, pernas, quadril, omoplata, mas onde está a cabeça ao qual pertenciam?
Onde está a cabeça que procuro?

No fim do corredor, uma pequena sala.Um quadrado perfeito, suave iluminação, paredes caiadas.A cabeça. Pele branquíssima, os mesmos olhos oblíquos que dormem serenos.Os cabelos milimetricamente arrumados.

Fora da sala três mulheres velam a cabeça.

Ofereço meus pêsames á primeira delas, ela me agradece e diz;

" Foi Deus quem quis assim."

Ofereço meus pêsames á segunda mulher, ela também me agradece e diz:

" Foi o Destino que quis assim."

Ofereço meu pêsames também á terceira mulher,ela não me agradece,só diz:

" Que merda! "

A esta eu abraço e beijo com imenso amor.



Definição de mim.

Tenho 28 anos quase 29...
Sou quase uma Balzaquiana...Uma Loba.
Uma loba que ferida tenta através da poesia
Retirar os espinhos cravados em seu peito

Tenho um filho e 4 irmãs,
Tenho alguém que me ama...
Eu também sei amar...
Apesar de meu amor próprio estar recolhido.

Minha auto estima se esconde
Envolvida em uma trepadeira
Que a sufoca.

Sou depressiva,
Se não tens motivos para chorar
Não leia meus textos...

29.8.04

"STATUS é comprar uma coisa que você não quer, com um dinheiro que você não tem, para mostrar para alguém de quem você não gosta, aquilo que você não é!"

27.8.04

Desabafo.

São 7h.
O despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para tirá-lo contra a parede.Estou tão cansada, não queria ter que trabalhar hoje.Quero ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando, até.
Se tivesse filhos, gastaria a manhã brincando o com eles, se tivesse cachorro, passeando pelas redondezas.Aquário? Olhando os peixinhos nadarem.Espaço? Fazendo alongamento.Leite condensado? Brigadeiro...
Tudo menos sair da cama, engatar uma primeira e colocar o cérebro pra funcionar.
Gostaria de saber quem foi a mentecapta,a matriz das feministas que teve a infeliz idéia de reivindicar direitos à mulher por quê ela fez isso conosco, que nascemos depois dela.
Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós,elas passavam o dia a bordar,trocar receitas com as amigas,ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos,de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos maridos,decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas,educando as crianças, freqüentando saraus,a vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.
Aí vem uma fulaninha qualquer que não gostava de sutiã nem tão pouco de espartilho,e contamina várias outras rebeldes inconseqüentes com idéias mirabolantes sobre"vamos conquistar o nosso espaço".Que espaço, minha filha?Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo ao seus pés.Detinha o domínio completo sobre os homens,eles dependiam de você para comer, vestir, e se exibir para os amigos,que raio de direitos requerer?
Agora eles estão aí, todos confusos,não sabem mais que papéis desempenhar na sociedade,fugindo de nós como o diabo foge da cruz.Essa brincadeira de vocês acabou é nos enchendo de deveres, isso sim.E nos lançando no calabouço da solteirice aguda.Antigamente, os casamentos duravam para sempre,tripla jornada era coisa do Bernard do vôlei - e olhe lá -porque naquela época não existia Bernard do vôlei.
Por quê, me digam por quê?!
Um sexo que tinha tudo do bom e do melhor,que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo?Olha o tamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso.Tava na cara que isso não ia dar certo.Não agüento mais ser obrigada ao ritual diário de:fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir,que sapato e acessórios usar, que perfume combina com meu humor,nem de ter que sair correndo, ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada,de morrer atropelada, passar o dia ereta na frente do computador,com o telefone no ouvido, resolvendo problemas.Somos fiscalizadas e cobradas por nós mesmas a estar sempre:em forma, corpo escultural, sem estrias, depiladas, sorridentes, cheirosas,unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados,doutorados,e especificações (ufffffffffffffff!!!!!)
Viramos super mulheres!!!E continuamos a ganhar menos do que eles.Não era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço?
Chegaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Eu quero alguém que pague as minhas contas, abra a porta para eu passar,puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios de poesia,faça serenatas na minha janela (ai, meu Deus, já são 7:30h, tenho que levantar!),e tem mais, que chegue do trabalho, sente no meu sofá, coloque os pés pra cimae diga: "meu bem, me traz uma dose de café, por favor?".
Descobri que nasci para servir.Vocês pensam que eu tô ironizando?To falando sério!Estou abdicando do meu posto de mulher moderna....
Troco pelo de Amélia.
Alguém se habilita?