24.11.10

Lançamento: Com que corpo eu vou?





Livro revela a relação das mulheres com o próprio corpo e compara diferenças entre camadas populares e classe média/alta



A coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza da PUC-Rio e Pesquisadora da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) realizou vasta pesquisa, com mais de 200 mulheres, que declararam seus medos, aflições, desejos, sexualidade e tudo que cerca o mundo feminino em tempos de obsessão pelo culto ao corpo.

Joana de Vilhena Novaes acredita que o corpo para as camadas populares é visto apenas como um corpo de trabalho, corpo ferramenta. “Não importa o peso, as mulheres usam shortinhos, decotões, roupas colantes, marcando um nítido contraste com as mulheres de classes médias e altas”, afirma.

Tomando a gordura como paradigma de feiúra, Joana investiga os efeitos da obesidade na vida psíquica destas mulheres e como esta afeta ou não os modos de viver delas.

O resultado desses depoimentos e conclusões virou o livro Com que corpo eu vou? , que será lançado hoje, quarta-feira, dia 24 de novembro.


Novembro de 2010 – chega às livrarias Com que corpo eu vou? (Editora PUC/Pallas). Fruto das teses de mestrado e doutorado da psicanalista Joana de Vilhena Novaes, o livro reúne, de forma bem-humorada, depoimentos de mais de 200 mulheres que declararam medos, aflições, desejos, sexualidade e tudo mais que as cerca em tempos de obsessão pelo culto ao corpo. O livro tem apresentação da historiadora Mary Del Priore, orelha assinada por Ricardo Vieiraalves, Reitor da UERJ, e quarta-capa por Augusto Sampaio, Vice-reitor da PUC-Rio.

Coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza da PUC-Rio e Pesquisadora da UERJ, Joana de Vilhena Novaes realizou duas pesquisas de campo sobre a relação da mulher com o próprio corpo. A primeira ouviu mulheres da Zona Sul, de classe média/alta, em academias de ginástica, cínicas de cirurgia plásticas e cirurgias bariátricas. A segunda foi feita junto à comunidade feminina de três favelas cariocas. O resultado são depoimentos como os descritos abaixo:

“Quem gosta de osso é rico, pobre gosta é de carne pra encher a cama e fartura pra encher a mesa. Se tiver magrinho a vizinhança começa logo a comentar que estamos passando necessidade” (Zélia, 58 anos, cozinheira).

“Passo o rodo geral quando vou ao baile. Sou que nem a Preta Gil, sou a mulher churrasco, aqui tem carne pra matar a fome de todo mundo”! (Laureanne, 23 anos, estudante de enfermagem e recepcionista de uma clínica odontológica).

“Atualmente o padrão estético de beleza é o corpo sequinho, fat free ou como chamamos no mundo da moda: mulher chester – muito peito e sem capa de gordura!” (Gloria, 43 anos, assessora de imprensa).

“Quando estou magra me divirto, vou ao shopping com as amigas, namoro, vou à boate. Quando engordo, me tranco no quarto e apago a luz para não me ver horrorosa no espelho. Namorado, nessas épocas, nem pensar!”. (Dilma, 45 anos, ex-bailarina clássica).

Mais sobre a pesquisa nas favelas

Segundo a autora, o corpo nas camadas populares é visto apenas como um corpo do trabalho, corpo-ferramenta. No entanto, um olhar em qualquer periferia das cidades do Brasil (mais notadamente aquelas de clima mais quente) é possível observar, não importa o peso, que as mulheres usam shorts, decotões, roupas colantes, marcando um nítido contraste com as mulheres de classes médias e altas. Também a sexualidade parece não ser afetada, bem como os padrões estéticos são muito distintos.

A gordura é hoje em dia um determinante de exclusão, socialmente validada. Tomando a gordura como paradigma de feiúra, Joana investiga os efeitos da obesidade na vida psíquica destas mulheres e como esta afeta ou não os modos de viver delas.

Para tal, a pesquisadora tomou como campo favelas cariocas, contrastando as falas destas mulheres com as entrevistadas do livro anterior “O intolerável peso da feiúra” Ed. PUC/Garamond (2006). Enquanto as primeiras entrevistadas demandavam sigilo total sobre os depoimentos, nesta segunda pesquisa, as mulheres pediam para serem fotografadas, que seus nomes originais constassem no livro e para que as comunidades fossem fielmente descritas.

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